Para além dos meus quereres

Se eu sou rio como poderia me permitir entrar na sua piscina suja. Repleta de situações mal resolvidas e falta de atitude. Eu puxei uma cadeira do lado de fora e tentei mostrar o que eu via na superfície, algo que fizesse você se movimentar.

Foi vendaval, lavagem de roupa suja, flutuar nas nuvens, viver um dia de cada vez. Foi entrega e poucas (ou muitas) verdades ditas.

Tampei meus ouvidos para todas as vezes que você já tinha dito “não”. Naveguei sem bússola. Eu sendo mar e rio, adentrando profundamente sua piscina. Sua energia. Nossa energia. Explodimos em outro ser navegante das minhas próprias águas extensas. Ventre fértil, apenas na explosão de cores, fomos transmutar. Eu e você!

O afeto que você me foi não deixou de existir, apenas não me cabe mais. É preciso fluir no movimento que o ressignificar exige. Me agarro aos fatos e ações para além dos meus quereres. Entendendo aonde posso, na leveza e parceria, construir lugares de não rompimento.

Sou mulher livre, mas de solo firme. Voltei à mim. Mergulhei nas minhas próprias dores, no sangue, nas lágrimas, até minhas águas secarem e darem espaço para o sol fazer morada novamente. Só eu sou capaz de me ser e ter. Por isso, se você pensar por um instante em voltar, não bata mais na minha porta. Ninguém me atravessa duas vezes.

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