Parou entre a porta. Ficar ou partir?
O elevador aflito esperava sua entrada. Ficar ou partir: entre falar e agir, os antônimos constantes das poucas certezas e muitas dúvidas. “O medo de me machucar”, você diz. O que seria isso, baby? Você nunca teve a intenção de fazer morada em mim. E eu, eu prometi que hoje me pegaria no colo na sua partida, porque já tinha decidido no meu coração que você não deveria ficar. Mas quando a gente finge não existir as situações na nossa vida, a demora se faz perene. Aí eu te encontro e há sempre uma festa aqui dentro que preciso conter, fechar as janelas e me conduzir sozinha sem música de fundo. Eu passei pelo furacão e tô olhando o que sobrou dessa casa. Por isso, pinto, bordo, escrevo. Escrevo pra me acalmar, enquanto você dorme e não percebe que saí debaixo dos seus braços. Vago pelos cômodos, como uma fantasma, brincando com as entreluzes que invadem as janelas. A dor, ela não é a casa inteira. Agora é um cômodo que vou mudar o tapete, trocar os móveis, acender outro incenso e pedir p...