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Mostrando postagens de setembro, 2021

Destinatário

Eu não costumo nominar  minhas escritas   Mas hoje chamei esses  rabiscos de  ‘Bom dia!’ Porque você me inspira de um jeito  Peculiar, nu e cru, leve e sombrio,  meio desatavio.  Por isso, te registro aqui  num reconectar com uma  parte da minha inspiração  que estava adormecida.  Tudo que vem de você  me toca mais fundo  Você me despiu inteira  sem tirar uma peça  do meu corpo E então começamos  a viver timidamente  Aquilo que brotava  espontaneamente  Pelo menos ressoou aqui Nunca sei o que se passa aí E tudo bem,  agora me basta assim Eu não te toco,  mas te sinto de longe  Mesmo assim é injusto  que o sentimento não seja  o suficiente  Para te alcançar   Não quero te ver  apenas por telas Do outro lado da vida  Vem logo pra cá! E se isso não der em nada Que seja poesia pra gente Simples e intensa, assim! 

Doeu admitir tudo isso

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A gente se encontrou de novo  Anos, meses, feriados, dias alegres  e tristes. Momentos nossos Nem sei falar de mim, sem contar de você Eu adiei, fugi da terapia, de você A gente ia falar do desencontro Desse ciclo se encerrando Eu não quero que você tenha que escolher  Porque a gente sabe que nos escolheríamos  mil vezes, mesmo no escuro Mas algumas escolhas doloridas Adiamos por muito tempo A gente sabe que nem sempre Conseguiríamos lidar desse jeito Você para de me chamar de gata Eu começo a te chamar de mygo Para disfarçar pro mundo O que já não conseguimos disfarçar Você chegou tão lindo Fez a barba do jeito que eu gosto Colocou aquela blusa que eu amo Trouxe o seu violão Insistiu para eu tocar Pra você lembrar dessa parte que só você Adentrou em mim depois do câncer e esquecimentos Acendemos mais um beck Bebemos mais um vinho Acendo o meu incenso preferido que  você trouxe depois de mil voltas na Bahia  pra achar aquele hippie conselheiro que eu me apa...

Escrevo, logo depois nem sinto

Palavras são minha válvula de escape se encaixam, curam, saram  Quando escrevia nos meus diários  Sempre com cadeados E acompanhados das minhas canetas coloridas de gel  Eu não imaginava que seria quem sou Sonhadora de paixões avassaladoras Que me reviram as entranhas  Mas me inspiram Atenta aos mínimos detalhes  Viajante das ideias Meus escapes são por vias orais  Me fazendo presente nas palavras  Já que a bailarina quebrou as pernas  A criatividade fértil sempre me recria  Abraçar o mundo é pesado Mas sentir, ah sentir é uma delícia

Seríamos uma reinvenção de amor da geração Z?

Parece coisa de adolescente mesmo Mas eu precisa externalizar que pra mim  não seria só aquilo ali A gente se olhando, olho no olho  Eu queria adentrar mais do que sua pele Eu queria me revirar em tudo que tem de bom  Mas também na sua bagunça  E deixar você me conhecer assim também  Crua, vulnerável, aos pedaços e inteira Cada km que o carro rodava Sabia que te levava pra longe de mim E agora, essas cidades nos atravessam Enquanto eu te beijava  Eu não queria pensar Só queria seu cheiro Seu toque, suas tatuagens e linhas decorar Eu me aprofundava  Livre, madura, mas entregue, tão sua Como uma adolescente na primeira vez Você disse que precisava transar pra  deixar um pouquinho de si  Mas eu não imaginei que deixaria um tantão  E que junto da sua mala viajada  levaria tanto de mim

Hoje eu preciso de um cafuné

Mais uma segunda Hoje tem coquetel  Cansada, caída, cortada, marcada E ainda assim deixando vazar luz  de todas as minhas crateras  Mas hoje eu não queria ser forte  Só queria cafuné e ouvir me dizer  que tudo ficará bem, mesmo que não fique

Em paz!

É uma noite de quinta-feira, 22h. Estou sentada em um bar que fica de frente para a rua e os carros estão correndo perto de mim, tudo uma bagunça de faróis e motores e sinais de parada vermelhos borrando ao vento.  Posso ver um avião decolando acima da minha cabeça. Posso ouvir distantemente a música de um restaurante do outro lado da rua. Estou confortável num vestido florido, mas morrendo de calor ao mesmo tempo. Minha cerveja tem gosto de toranja e estou mais embriagada do que pretendia. Estou sentada aqui pensando na vida, na bagunça de tudo, na beleza e no desconhecido, e em todas as maneiras como estamos constantemente tentando encontrar nosso caminho na loucura.  E mesmo assim eu me sinto, estranhamente, em paz.