Deixa fluir!

Eu tenho pensado sobre como é importante ser mais parecida com a água. A gente não precisa ser uma fortaleza à todo instante. Precisamos só aprender mais a deixar fluir.

E nesse emaranhado de sentimentos datados com outras pessoas, corremos o risco de misturar lutos e chegarmos depois nessa mesma trincheira que partimos. Mas deixemos fluir.

Eu sei, você sabe! Pessoas acontecem, momentos passam. Nem nossa vida nem a do outro se tornam uma miscelânea de indiretas sobre o que passou. Por isso, precisa deixar fluir.

Se somos apenas um pequeno fragmento do todo, com almas entrelaçadas e vemos isso acontecendo pouco a pouco faz parte do processo. Mesmo com outras histórias interligadas. Então é só fluir.

E talvez assim possamos, ou não, ser o fluxo de água que desce entre as frestas de uma rocha e mostra que algumas rachaduras são necessárias para que a beleza nasça. E assim fluir.

Eu sou intensa de tantas formas. Mas pé no chão em muitas outras. Gosto de escrever sobre os sentimentos em ebulição. Há quem se assuste e ache uma loucura eu carregar meu coração em palavras nas mãos. Eu só me permito fluir.

Há também quem ache aterrorizante, lindo ou estranho. Isso é algo que nem todos sabem como amar. E o amor não é sempre avassalador, muito menos imprevisível. Ele é confluente, elaborado, sereno, libertador, silencioso e como um sapato de couro (apesar de não gostar dessa analogia) precisa ser laceado para acomodar-se ao par de pés que os calçam. Se permitindo fluir.

Te confesso que tem um lado com vontade de sair correndo e não cumprir “protocolos”, mas tem um outro mais calmo e sereno, tentando se entender e entendendo tudo isso. Algo que precisa muito fluir.

Enfim, se você lembra que almas são almas. Eu lembro também que somos cura e não andamos só. Eu sou algo novo todos os dias, mesmo partindo do antigo. Mesmo precisando, ou não, de decisões. Cansei de me afogar! Então, abre mais uma garrafa de vinho, olha pra vida e deixa ela e todo restante fluir. E depois, juntos ou não, decidimos o que fazer com essa tal liberdade. Afinal, somos um projeto infinito, num doce e intenso fluir.