Uma prisioneira livre




Você me pega pelos cabelos, e essa indecisão de saber se isso é amor ou ingratidão me faz ceder, fechar os olhos e me entregar de bandeja pra você. Pede pra compreender, mas julga sem saber. Sem saber que foi meu beco sem saída, minha verdade mais “maldizida”. Entre lágrimas e cigarros eu imploro, e termino me afogando cada vez mais no seu ser.

O que sobra de mim sem você? Não sei! E confesso que tenho medo de saber. Você vomita suas verdades pra me desmerecer, e ainda cobra cumplicidade, fingindo não ver. Das partes boas que não me apavora, você deita no meu colo e implora. Mas não fica mais que uma hora, e todas as minhas expectativas de melhora devora.

Me desculpe, mas eu preciso ir embora! Me desculpe, quero ficar aqui! Sou contraditória e já entendi que não ajo como diz, cada atitude é porque eu quis. E então peco! Sua intensidade me deixa confusa, e é ai que você abusa. O bom é tão bom, que se equipara ao que é ruim, muito ruim.

Mais uma manhã eu saio com a primeira roupa que encontro. Quando acordo já não tenho forças para lidar com a vida. Me jogo no trabalho como se não houvesse amanhã e me pego digitando enlouquecidamente verdades que só você não enxerga ou não quer ver.

Uma prisioneira livre! É assim que me sinto com você. Julgada e traída de expectativas eu me entrego a mais um sexo, a mais um amor, a mais uma puxada de cabelos. E ali, naquele momento único, eu esqueço tudo o que me fez e te dedico todas minhas declarações.

A euforia passa e eu prometo pra mim mesma que é a última vez! Que minhas palavras ditadas ao vento farão sentido por aí. Eu penso tudo isso enquanto visto minhas calças. E então, entramos no carro pro trabalho e percebo que até o caminho é impossível de se ter um tanto de tranquilidade e monotonia. Eu respiro fundo e por um segundo acredito que estou no controle por nada retrucar. É, quem sabe um dia eu estive.

O tempo da cura tornou a tristeza normal. Lágrimas são parceiras de todos os dias e o amor, meu bem, é uma viagem, mas eu não quero mais a sua carona. Quando chego em casa, de noite, lavo os últimos pratos do nosso café da manhã, separo minhas poucas mudas de roupa, e devolvo o pequeno espaço que me reservou no seu banheiro.

Fecho a porta, pego o elevador chorando e entro no primeiro táxi sabendo que sonhamos tantos anos, que fizemos muitos planos, mas que preciso cuidar de mim.

Não podia esperar até que as luzes de atar os cintos estivessem apagadas. Eu descobri que não tem hora certa, que não tem um sinal. A gente quem decidi a hora que levanta e deixa a cadeira vazia.

Vazia, no caso a cadeira e a minha vida. Mas o agora é o único lugar onde quero chegar. Por favor, meu amor, só entenda que: o problema não era você ou eu, éramos nós. Desculpa te desapontar e estragar a sua desculpa estrategista.

E pode falar que eu to abandonando o barco, pulando fora, acabando, dando um pé na bunda, deixando mais uma vez de pensar em você. Saiba que tem todo direito de me odiar por isso. Só lembre-se de todas as vezes que eu levantei a bandeira branca, que ofereci meu colo, que me calei, que me desculpei (mesmo sem achar que deveria).

Enfim, agora cansei, agora não dá mais! Tô mudando a rota e não por desistência, não por não te amar, e por não ter certeza de que é o grande amor da minha vida. Tô indo porque tenho urgência de viver em paz, e sinceramente, nesse vôo não dá mais!

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